Hiato

Talvez seja porque o vestibular está chegando ou porque tudo anda parado ultimamente, mas acho mesmo que foi preguiça.

Ando dormindo demais, sonhos pesados que não me deixam acordar, a hora da decisão está chegando e não me sinto preparada. Acho que vou dormir e só acordar quando me for conveniente, assim fico apenas sabendo dos resultados, sem ter de passar pelo pesadelo das contas!



A sombra



Ela me persegue, sorrateira e invisível; de todos ouço que louca estou ficando, mas eu a vejo, escuto e snto, cada tormento, cada palavra dirigida única e exclusivamente a mim, camulfada , cheia de floreios e boas maneiras. Mas eu sei.

Não é mais fote nem melhor, se comparadas somos semelhantes, mas ela me persegue, me suga, me irrita. Assim é seu jeito de tentar ser superior, espremer todos contra o chão, seu tapete real, seu mundo de mentiras.

Aos poucos me libertei, me desfiando fio a fio do tapete pressivo, cuidadosamente cultivado; foi quando pude ver de cima, e lá estava ela. Corri. Só quando bem distante parei, olhei para trás, silêncio, para frente um infinito em branco. Sorri.

E vivi, mas ela nunca me esqueceu, essa falha seria reparada, eu deveria voltar para seu querido tapete. Fujo sempre, notícias a toda hora recebo e mantenho os olhos abertos e atentos em seu sorriso maldoso coberto de falsas gentilesas e olhares de escárnio, mistura de uma inveja infundada e uma raiva sem pripósito.

A sombra persegue sua fugitiva sem que ninguém perceba, porém me escondo embaixo de minha própria sombra e os papéis se invertem.



O friu parece que resolveu chegar, e acabou pegando eu e meu guarda-roupas de surpresa, o inverno é a estação mais triste do ano, as cores somem do céu e das pessoas, tudo fica mais marrom, preto e cinza. Os dias me deixam triste e sem ânimo, só quando o sol aparece, de vez em quando, quebrando as nuvens teimosas que me sinto um pouco mais a vontade.

Tudo caminha a passos lentos enquanto eu olho o tempo passar pela janela, segurando uma caneca de um delicioso chá matte, que ajuda a esquentar os dedos sempre frios e a pensar nas coisas.

Os post-its de "coisas-a-fazer" estão colados pelas paredes, já sei tudo de cor, mas não consigo riscar essas tarefas, o ciclo impede, o mundo impede...e ninguém entende. Preciso pensar. Achar uma brecha na parede de aço entre mim e o mundo, porque esse meu velho já não me cabe mais, me sufoca, me prende, me alucina, preciso de ar, preciso de mais...preciso sair.

O sonho ideal vem fácil quando estou a divagar, ali, tão perto e ao mesmo tempo tão impossível, me apoio em minhas muletas emocionais no pouco tempo em que posso me dispor delas e tudo some. A sensação é boa, tranquila e estável, esqueço até de que é inverno, porque de repente meu verão acaba de chegar e leva embora as preocupações com chuvas torrenciais.

Mas aí o verão acaba e tudo volta como um jorro de água fria e a parede volta a me cercar; enquanto tento exaustivamente escapar bato sempre de frente com ela e seu sorriso de desdén junto com tantos outros do outro lado, calmos e despreocupados a seguir por outros caminhos. Ah como os invejo...

Fecho os olhos e deixo passar, como se fosse um vento indesejável passando por locais descobertos do meu corpo, espero, porque passa e quando abro os olhos novamente a janela ainda está lá, mas o chá já está frio.

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