O friu parece que resolveu chegar, e acabou pegando eu e meu guarda-roupas de surpresa, o inverno é a estação mais triste do ano, as cores somem do céu e das pessoas, tudo fica mais marrom, preto e cinza. Os dias me deixam triste e sem ânimo, só quando o sol aparece, de vez em quando, quebrando as nuvens teimosas que me sinto um pouco mais a vontade.
Tudo caminha a passos lentos enquanto eu olho o tempo passar pela janela, segurando uma caneca de um delicioso chá matte, que ajuda a esquentar os dedos sempre frios e a pensar nas coisas.
Os post-its de "coisas-a-fazer" estão colados pelas paredes, já sei tudo de cor, mas não consigo riscar essas tarefas, o ciclo impede, o mundo impede...e ninguém entende. Preciso pensar. Achar uma brecha na parede de aço entre mim e o mundo, porque esse meu velho já não me cabe mais, me sufoca, me prende, me alucina, preciso de ar, preciso de mais...preciso sair.
O sonho ideal vem fácil quando estou a divagar, ali, tão perto e ao mesmo tempo tão impossível, me apoio em minhas muletas emocionais no pouco tempo em que posso me dispor delas e tudo some. A sensação é boa, tranquila e estável, esqueço até de que é inverno, porque de repente meu verão acaba de chegar e leva embora as preocupações com chuvas torrenciais.
Mas aí o verão acaba e tudo volta como um jorro de água fria e a parede volta a me cercar; enquanto tento exaustivamente escapar bato sempre de frente com ela e seu sorriso de desdén junto com tantos outros do outro lado, calmos e despreocupados a seguir por outros caminhos. Ah como os invejo...
Fecho os olhos e deixo passar, como se fosse um vento indesejável passando por locais descobertos do meu corpo, espero, porque passa e quando abro os olhos novamente a janela ainda está lá, mas o chá já está frio.
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"As coisas tangíveis
Tornam-se insensíveis
À palma da mão.
As coisas findas,
Muito + q lindas,
Estas ficarão."
Vc é ímpar, e bela!
RB